A primeira desistência
A minha primeira desistência
Pois é, foi preciso ir a Cuba para desistir de uma maratona...
Desta vez não era a distancia a grande inimiga ( fazia 2 meses tinha feito Serpa 160 Km ), e esta seria só metade da distancia...
Também apesar do que se diz, acho que o inimigo não era o calor ( o meu velocímetro chegou a marcar 51º ), o meu inimigo e posso admiti-lo porque já tenho idade para isso, foi sim a minha arrogância...
E passo a explicar, esta foi talvez a maratona que eu melhor preparei, estava a fazer Btt 3 a 4 vezes por semana, correr sempre um dia por semana durante 1 hora, e ainda faço natação uma vez por semana, houve semanas em que não cheguei a descansar, mas sempre me senti bem e nunca senti nem cansaço nem esforço em demasia.
Parecia que a prova me iria correr às mil maravilhas, na brincadeira, disse antes de partirmos, " só tenho é que ver onde está o Vitor Gamito para me colar na roda dele...", não foi bem assim.
Se há pouco disse que era arrogante, nas partidas sou sempre humilde demais, e mais uma vez parti nos últimos lugares, isto atrás do pessoal dos 20 e 40 Km, logo à partida andei uns tempos atrás de umas miúdas que não deviam ter mais de 11 anos, claro que logo ali me atrasei, mas tudo tem solução, ou pensava eu que tinha...
Assim que passo as miúdas, comecei a passar o pessoal todo que me aparecia pela frente, passando também o pessoal amigo que foi comigo, claro que ai me comecei a entusiasmar, tendo passado muita gente, comecei a querer recuperar lugares e consegui. Depois da separação para o pessoal dos 20 Km ficou mais fácil circular, depois aos 13 Km aparecia o primeiro abastecimento, no qual eu não parei, por volta dos 15 km havia a separação do pessoal dos 40 km, ficando de nos juntarmos mais à frente eles com 27 km e nós ai já com 44 km, resta-me dizer que cheguei a esse abastecimento muito antes de muita gente dos 40 km, mas ai já tive que parar e inclusive desmontar para beber água e molhar-me numa fonte que lá estava, é que nessa altura já não me estava a sentir muito bem.
E é simples perceber porquê, sai de casa antes das 6 da manhã, comi uma sandes e um sumo e não comi mais nada até essa altura e pouco ou nada bebi, e por cumulo que pareça nesse abastecimento bebi agua, lavei a cara e molhei-me, mas não perdi tempo a comer.
Ai entravamos na serra e aos 53 km depois de fazer duas valentes subidas de seguida e sempre em esforço, comecei a meter mudanças para acelerar outra vez, mas já não deu, comecei por sentir arrepios, fiquei tonto, travei, e passado uns metros acontece o que eu estava mesmo à espera, cai para o lado, acho que desmaiei, mas recuperei logo e tive o bom censo de parar e perceber que tinha ido longe demais com o meu defeito ( quem me conhece sabe que detesto perder, nem a feijões...).
Meti-me à sombra, liguei o telemóvel e liguei para um amigo meu que vinha atrás, esperei que ele chegasse, e depois de ter estado à espera algum tempo, ainda tentei ir com eles, mas depois de 3 km percebi então que estava completamente desidratado, as pernas tinham força a mente queria, mas o corpo não deixava, nunca me tinha sentido assim, foi estranho, mas como em tudo tem que se aprender a lição, e eu aprendi... esperei então sozinho por uma pick up que me iria apanhar e levar à meta.
Não foi esta a chegada à meta que eu esperava, mas foi a possível, e as coisas poderiam ter sido bem piores.
Para terem só uma ideia, nas minhas voltas treino costumo fazer médias de pulsação de 130 a 140 Bpm, na prova estava com uma média de 165 Bpm.
Há uma frase que eu gosto muito:
" Dos fracos não reza a história..."
Mas tenho que acrescentar,
" ... mas até os mais fortes têm que beber água."
Para o ano que vem vou a Cuba novamente...
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