terça-feira, 20 de novembro de 2007

Volta do dia 18-11-2007

Um grupo grande para variar!!!

Participantes: Duarte, Jorge, Blito, João Luís, Eduardo, Miguel, Paulo e sobrinho!?!?!
Volta: Setúbal, Cobra, Moinhos, Cai de Costas, !?!?!, Comenda, Setúbal
Distância: 40Km

Volta do dia 11-10-2007

Um pouco de estrada para uma volta mais rápida!
Participantes: Duarte, João Luís
Volta: Setúbal, Cobra, Palmela, Brejos do Assa, Setúbal
Distância: 26 km

Volta do dia 10-11-2007

Volta do costume.

Participantes: Duarte, João Luís
Volta: Setúbal, Cobra, Moinhos, Cai de Costas (não subimos), Comenda, Setúbal
Distância: 32km

Volta do dia 01-11-2007

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Volta do dia 16-09-2007

Participantes: Duarte, Jorge, Blito e Miguel
Volta: não me lembro, porra para o alemão, como é que ele se chama mesmo!?!?! Al Zaimer!!! Alemão ou árabe?







segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Caminhos de Santiago - Camino Primitivo

Camino Primitivo

OPERAÇÃO CAMINO PRIMITIVO EM CURSO ÀS 4:35. MISSÃO RESGATE XOCO FRITO CONCLUÍDA! CORSA A CAMINHO DAS TORRES!
Foi com este “sms” que no dia 10 de Agosto parti para a grande Cruzada. É uma mensagem digna de um grande filme de espiões, com um enredo especial e personagens a condizer. Foram, também, estas as características desta aventura – Viagem fantástica e um grupo de aventureiros fabuloso.
461Km marcava o meu sigma no final do percurso, foram 7 dias a fio a conviver com a Bike, em percursos do mais lindo e duro que se possa imaginar, pelo menos para mim. É impossível descrever, na totalidade, a beleza das paisagens que contemplámos, assim como é difícil explicar a dureza do percurso. Mas, vou tentar em poucas palavras deixar o bichinho, ou talvez não, para aqueles que alguma vez vierem a pensar entrar numa aventura destas.
Decifrando a mensagem, o amigo “Ti Paulo”, responsável pela minha presença nesta aventura, saiu de madrugada do Algarve, apanhou a minha Bike em Setúbal e veio tomar o pequeno-almoço em Torres Novas onde eu estava à sua espera.
Os dois partimos no seu Corsa até Mangualde onde nos aguardavam umas belas “entremeadas” na casa dos pais do Joaquim, um dos companheiros do percurso.
Enquanto estas se preparavam para nos presentearem com o seu sabor, o pessoal aproveitou para rever a logística e preparar as Bikes. Estava a chegar o transporte que nos levaria ao início da nossa Aventura – Oviedo.
De barriguinha bem cheia, que a viagem ia ser longa, lá enchemos a carrinha de um familiar do João, outro aventureiro, para iniciarmos a viagem.
O Miguel e a esposa foram os nossos anfitriões, pois disponibilizaram-se para nos ir levar a Oviedo (563Km) e nos ir buscar ao cabo de Fisterra (fim de percurso). Se pensarmos bem, nem o João Garcia, habitué nestas andanças de aventuras e do “Diabo-a-Sete”, tem uma logística tão bem estruturada.
Estava na hora de seguir, e o pessoal já estava muito atrasado.
Para iniciarmos o percurso no dia seguinte tínhamos que estar em Oviedo até às 7 da tarde, 8 espanholas, para recebermos a credencial que nos permite fazer de forma “oficial” todo o percurso.
Esta credencial com os carimbos dos locais de passagem vai permitir receber um diploma, com o nosso nome em Latim, a comprovar o nosso feito.
Chegados a Oviedo (por volta das 10 da noite), depois de algumas peripécias com o nosso meio de transporte, estava na hora de procurar a tão desejada caminha para o merecido descanso. E…foi difícil, mas lá conseguimos.

Primeiro dia

Depois de encontrarmos o ponto inicial do percurso e atravessarmos Oviedo, tipo aqueles estrangeiros que o pessoal vê passar por cá na altura do verão, e que comentamos “este pessoal é passado”, seguindo as vieiras no chão que são os marcos de todo o caminho, entrámos em percurso BTT, muito interessante, com altos e baixos que permitiram ver a cidade a ficar para trás.
O nosso primeiro destino foi Grado a sensivelmente 23km. Este percurso foi muito interessante, para além da paisagem, presenteou-nos com alguns km de single track
muito interessantes que permitiram experimentar a agilidade das Bikes com o acréscimo de peso que transportávamos. Pois, o pessoal teve que transportar as cenas para “sobreviver” ao longo dos 7 dias de pedalada. Mudas de roupa, saco cama, cenas relativas à higiene pessoal, etc. Penso que levava mais ou menos 8kg nas traseiras da bike, para não falar do que ia às costas. Pessoalmente deixava o saco das costas para a comida, água e impermeável. Mas havia pessoal que levou mais kg e às costas.
Após o almoço, no LIDL de Grado, iniciamos um percurso que deixou o pessoal de rastos. Um subida de cortar a respiração regada por mais ou menos 36 grauzinhos de temperatura e uma


humidade fora do vulgar.
A primeira paragem para dormir foi em Salas, num albergue 5estrelas, difícil de encontrar. Após um merecido banho partimos em busca da paparoca na companhia de uma senhora Italiana de mais ou menos 50 anos que andava a fazer o Camino, a pé e sozinha.

Segundo dia
O dia amanheceu chuvoso e frio, pouco apetitoso para iniciar a segunda etapa.
Mas, o que tem que ser tem muita força e lá partimos.
Inicialmente assustei-me um pouco, pois, na primeira subida do dia as pernas mostraram-se um pouco cansadas e vi o resto do pessoal afastar-se por alguns momentos. Aqui, para além da força e forma física, a parte psicológica é determinante para não se ir abaixo.

O percurso era de extrema dureza, um verdadeiro túnel de árvores, com piso inclinado, de lama e erva, em que a pedalada se sente pesada e o avanço é pouco significativo. Para se perceber, fomos acompanhados de perto, por alguns km, por um peregrino que andava a fazer os caminhos a pé de mochila às costas. Quando nos distraímos lá estava ele a chegar.
Subimos mais ou menos 450m em 5km.
Este segundo dia caracterizou-se como um percurso de “merda”, pois esta foi sentida em muitos km pelas Bikes e também por nós, quando a velocidade aumentava e a falta de para lamas fazia chegar esta substância a zonas menos desejadas. O público foi, neste dia, essencialmente Bovino e na nossa passagem não se faziam rogar. É que andávamos a invadir o seu espaço.
O almoço foi em Tineo.
- Sai um “bocadilho de Rambom “ que a fome já aperta.
A seguir ao almoço o João quis testar as leis da física, as suas leis e as da sua Bike. Numa descida acentuada e com ondulações “desequilibrou-se” a 60km hora e o que lhe valeu foi o chão lá estar para o amparar. Mas a sorte esteve do seu lado. Azar foi ter estragado os calções.

O caminho continuou e a paisagem caracterizava-se por uma ruralidade a que já não estamos habituados.
Muita vaca, muita “merda” das mesmas pelo chão, muita gente de bota de borracha, mas sempre com um sorriso e com um “bom camino” para dar.
Pola de Allande foi onde pernoitamos. Um albergue 5*, mas já cheio. Uma sala, talvez com 80m2, cheia de beliches e de pessoal lá deitado. É chegar, procurar um espaço e reservar, ou então, o chão, se houver, é um destino para o descanso.
Nesta noite o jantar também foi cheio de peripécias pois, não encontrávamos sítio para comer. Mas, como o Santo nos acompanhou, lá conseguimos jantar. Tivemos como companhia um Francês que fazia o percurso sozinho, por estrada.
Como não fui à tropa nunca tive a experiência de dormir ao pé de tanta gente, num mesmo espaço e a primeira experiência não foi muito agradável. Tive o azar do meu vizinho de cima (as camas eram beliches) ser um gordo, com uns 120 ou 130kg, que quando se mexia abanava o beliche todo, além de ressonar que nem um porco. Enfim, só acontece a quem vai à tropa ou a quem faz os Caminhos de Santiago.

Terceiro dia
Este dia foi duro. Subimos a 1146m – Puerto del Palo, descemos a sensivelmente 170m, para subirmos novamente a 1030m em Puerto del Acebo.

Neste dia o percurso foi praticamente feito por estrada, pois os caminhos eram intransitáveis, mesmo para quem ia a pé. E era necessário avançar, fazer kms, para conseguirmos chegar ao destino no dia programado. Nesta etapa fizemos mais ou menos 70km, muitos em “alta montanha”, a subir e a descer, em altimetrias a que não estamos propriamente habituados.
O meu corpo sentiu-se, provavelmente não me alimentei ou hidratei o suficiente e já perto do final da etapa, no cimo da serra, senti-me mal, estava a ver que me dava um treco. Valeu a pronta ajuda do pessoal, uma barrita de açúcar do João para melhorar e seguir viagem.
Enquanto estávamos a recuperar energias num cafezito no topo da montanha, fomos informados pelo individuo da Protecção Civil da zona de que o albergue da cidade (Fonsagrada) onde íamos dormir estava cheio. No entanto, como simpatizou com o pessoal ofereceu-nos estadia no Pavilhão Municipal da terra.

Quando chegamos estava a haver jogo. O pessoal entrou, com as Bikes, pois sem elas ali não somos nada, e instalou-se nas bancadas, com os espanhóis a pensarem “estes serão adeptos de quem!?”.
Banho nos balneários e jantarada.
Nunca tinha dormido numa suite tão espaçosa e com um pé direito tão alto.

Quarto dia

Ui o quarto dia. Se soubéssemos não tínhamos arredado pé da suite com o grande pé direito!
100km neste dia. As condições atmosféricas não ajudaram nada e o frio e a chuva decidiram aparecer novamente.
Não vale a pena estar novamente a descrever o percurso ou a sua dureza. Vale a pena registar que andámos por toda a cidade de Lugo, tais estrangeiros malucos, à procura de pastilhas para a Bike do João, que numa parte do percurso me piquei nas ortigas e que o João teve de se controlar bué para não entrar em vias de facto com a pseudo-mecânica de uma loja que lhe ia estragando os travões e comprometido o resto do percurso.
E dormir!? Nada!
O Paulo Quitério foi informado de que o albergue de Lugo estava cheio e que uns 25km mais à frente havia uma escola inactiva, onde provavelmente o pessoal podia pernoitar.
O final deste percurso foi psicologicamente difícil, pois pedalava-se já por instinto e o sítio para descansar as pernas não havia meio de aparecer. Começou a chover novamente e o cansaço já dava mostras de estar também ele cansado.
-Chegámos! Ouviu-se.
- Deve ser ali! (vejam a imagem)

Para nos receber estava um casal de peregrinos, ela Italiana ele Espanhol, andavam a fazer o percurso a pé e tal como nós indicaram-lhe a escola para dormir.
E comer!?
Pois, e comer!?
É que estávamos no meio do nada. Aquele sítio era uma estrada com algumas casas (poucas) plantadas. Não se passava nada. Também já era tarde.
Fomos informados pelo casal que o único sítio para comer era uma espécie de mercearia (ver foto) mais abaixo.
100km depois e o jantar era numa mercearia!
Depois de tomado uma espécie de banho, espécie porque não havia chuveiro, só lava mãos, preparamos a mesa para o banquete. O meu foi, uma lata de atum, salsichas, pão e fruta. O dos outros não foi muito diferente.
Depois de lançadas umas palavras para se discutir a volta do dia era chegada a hora de preparar as tarimbas. O Joaquim teve sorte, achou um a esteira deixada por alguém que deve ter pensado “coitados deixo aqui esta esteira”. O João afiambrou-se logo a uma tábua que estava a um canto da escola. O Paulo Quitério, habitué nestas andanças, tinha uma esteira dele. O Paulo ficou-se pelo chão e eu tive a sorte de encontrar um bocado de papelão.

Para adormecer o pessoal costuma contar carneiros. Nesta noite, o único pensamento que me vinha à ideia era o SPA 4*, no Algarve, onde tinha estado à duas semanas atrás de férias. A vida é mesmo feita de extremos!

Quinto dia
Após um merecido descanso, em cima de um verdadeiro Pikolin, iniciámos viagem para a etapa pré-Santiago.

No final desta etapa iríamos ficar apenas a sensivelmente 10km de Santiago Compostela.
Esta etapa marcava também a entrada no “Caminho Francês”. Nós estávamos a fazer o “Caminho Primitivo”, pelos vistos o mais complicado. Segundo o Paulo e o Paulo Quitério este percurso (Caminho Francês) seria uma auto-estrada quando comparado com o que tínhamos feito até agora.
E tinham razão, o percurso mudou de aspecto, tornou-se mais “fácil” em termos de piso, no entanto a comparação com auto-estrada dizia respeito, também, aos peregrinos. Parecia o acesso a Lisboa no final de Domingo. Gente, resmas de Gente. A pé de bicicleta, a cavalo, todos com o mesmo destino.
Aqui a moral sobe e o pessoal começa a sentir-se “herói”. Atravessámos a parte mais difícil, e é como se estivéssemos a chegar ao conforto de casa – a etapa final.
Este percurso é muito rápido, kms de estradão, com subidas e descidas.
Finalmente a chegada ao albergue de Monte Gozo.

Este albergue foi construído de propósito para albergar os peregrinos aquando da visita do Papa João Paulo II a Santiago. É um verdadeiro mundo. Pode alojar até 800 pessoas. Restaurantes, bares, lavandaria, supermercado, discoteca, etc. Gente de todas as partes do mundo e todos com o mesmo objectivo.
Água quente, banho e cama com colchão, deformado ou não mas era um colchão, na verdadeira acepção da palavra. A noite anterior tinha sido um Pikolin, mas, de papelão.

Sexto dia – Santiago

O pessoal acordou e levantou-se com a pica toda – Santiago à vista!
Faltava pouco para atingir o primeiro objectivo.
Fizemo-nos à estrada e logo avistámos a cidade.

Um mar de gente desfrutava a sua beleza. Depois de um pequeno reconhecimento do terreno e de algumas fotos para a posteridade fomos à procura da “Casa” do peregrino onde recebemos o dito certificado, com o nosso nome em Latim, a comprovar o feito. Foi um momento simbólico. Estavam cumpridos 365 Km.
Após o almoço e uma visita pela zona, Catedral incluída, onde se compraram alguns “Souvenires”, partimos em direcção a Negreira, onde iríamos pernoitar.


O albergue de Negreira, muito bonito, estava a abarrotar. Tinha 30 camas mas deviam lá estar umas 70 a 80 pessoas.
Depois do jantar, na cidade da zona, o pessoal aprontou-se a ir para o albergue no sentido de arranjar um espaço, ainda que no chão, mas debaixo de tecto, para poder descansar. E…conseguimos, debaixo da ponte, ou melhor, debaixo da escada de acesso ao primeiro piso. Juntámos uns colchões que lá estavam, daqueles de Educação Física, e montámos um verdadeiro “estáminé“.

Fotografaram-nos, filmaram-nos, devido à originalidade do nosso abrigo. Sentimo-nos como uma espécie de Mona Lisa no Louvre. Vá-se lá saber porquê.

Sétimo e último dia – Fisterra
Um percurso duro mas espectacular, pela paisagem, pelo terreno e também pelo facto de se avistar o mar.



Estávamos a chegar ao fim, o que depois de tantos dias era um consolo.
A Chegada a Cee foi muito dura, uma descida muito acentuada em piso de pedra pura, digna de uma verdadeira prova de DownWill.

No entanto, o cenário à chegada estava espectacular, uma linda baía e uma bela praia, lembra a Arrábida, era o cheiro de casa.
A pedalada continuou, ainda faltavam alguns km para o fim. Após mais algumas subidas, nada a que já não estivéssemos habituados, eis que aparece o Farol de Finisterre, o “Fin del Mundo”.
461km depois chegávamos ao fim.
A aventura terminou, mas fica para a história, pelos motivos inicialmente descritos.
Finalizámos com um belo petisco – uma vieira – como é tradição, regada com umas merecidas bejecas.
O Camino estava feito, o dever estava cumprido!

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