Caminho Do Tejo
Não querendo ser chato, vou tentar escrever qualquer coisa do género "Viagens na Minha Terra", com a minha GRISLEY.
Sábado, 20 de Maio, 9:30 horas partida do Parque das Nações (pala) com destino a Fátima. Três compadres, eu e mais dois amigos algarvios.
Bikes apetrechadas e nervosas, pois, não é todos os dias que têm 150Km para fazer (170 km até ao transporte que me trouxe de volta a casa).
A partida deu-se com destino ao rio Trancão (Sacavém) onde descobrimos o primeiro azulejo que se iria multiplicar por todo
o percurso até ao destino. Sempre que existia uma dúvida bastava chamar por este marco que ele aparecia. Curiosa a paciência de
quem os distribuiu por todo o percurso. Estrada, mato, ou no meio das pedras da serra de Santo António lá estavam eles,
sempre a descoberto e a guiarem o caminho do pessoal.
Pedalando junto ao Trancão, com os barulhos dos aviões como musica de fundo lá fomos nós até Alverca do Ribatejo, para depois seguirmos até Vila Franca de Xira
onde tivemos que percorrer alguns km na Nacional. Sái uma sandes de carne assada que a barriga já chama e as pernas
querem descansar um pouco. É que já fizemos uns quantos km.
Reguengo da valada. Nova paragem para uma bela sandes de presunto, ou melhor, duas, pois isto de pedalar dá fome. O melhor
1.10€ por cada sandes de presunto, bem aviada e com manteiga. Quando quiserem comer uma sandes de presunto boa e barata já sabem – Reguengo da Valada é o destino.
Ali perto não deixamos a nossa curiosidade ficar alheia a uns avisos de aligenas nas proximidades. Descobrimos a palhota, pequena povoação
piscatória, localizada onde ninguém desconfia, onde as casas se elevam com medo da subida do Tejo. O café do Zé Broa estava
fechado, mas a praia convidava a um belo mergulho. Pena o pessoal não ter levado toalha de praia, a mochila já ia pesada.
Roupa (de BTT e de descontracção), água, necessaire, etc. Mas com os km a passar o pessoal deixou de sentir este peso nas costas.
Chega de conversa fiada. Valada tem uma bela praia fluvial e uma marina, não sendo da envergadura
da de Vilamoura, tinha lá ancorado um iate e tudo. Motas de água a fazer ondas e pessoal a andar de canoa. Perfeito. No meio do
nada um oásis. Curioso é que não sei lá ir ter de carro. Santarém à vista. Primeira subida do dia, digna desse nome.
A chegada à cidade. Fixe.O meu Conta km marcava 83,53 à chegada à pensão Vitória, bem no centro de Santarém, perto do Fórum.
Desfizemos a mochila, banhinho, e lá saímos para a merecida refeição. Umas belas febras com batatas fritas e umas espetadas grelhadas
foram os pratos escolhidos. Refeição esta regada com uma belo panáché (não sei se é assim que se escreve). Apesar de desportistas,
pelo menos neste dia, aquele panáché soube que nem um troféu, daí que tenhamos bebido mais um.
22:30 já o people ressonava, é que a próxima jornada era dura.
Domingo 9:30 novamente, nádegas um pouco doridas, depois de as sentar novamente no belo selim de gel (se não fosse ele não sei)
e pernas para que vos quero. Primeiro demos numa de gente culta passeando pelos monumentos da cidade e pela Escola Prática
de Cavalaria, para o Ti Paulo reviver belos momentos de mancebo. Foto junto a um tanque de guerra (talvez da 1ª ou 2ª mundial, não sei)
para marcar a passagem.
Seguimos então com destino a Fátima, num percurso já com cheiro a BTT, com percursos de serra, em sitos longe de tudo, aldeias onde
não se passa nada. Azóia de Baixo, Santos, Arneiro das Milhariças, são alguns dos exemplos. Mais ou menos à hora do almoço, e este sem aparecer,
a fome despertava e nada de encontrar pão. Os cafés destas localidades ao Domingo não têm pão. Fónix e agora!?
Foi então que surgiu um compadre dono de um café que ao aperceber-se do estado de ansiedade do pessoal, no que respeita à fome
manda parar uma carrinha de pão que ia a passar para nos vender o bendito alimento. O homem também não tinha, mas mandou-nos
ir ao seu café, "mais além", que tinha pão de fabrico caseiro. Hora, nem mais. Pãozinho caseiro, ai vamos nós. Sái 2 belas sandes
para mim e para o Ti Paulo, uma para comer na hora, outra para a viagem. Ainda falta um pouco e o pessoal não sabe se vai encontrar
outro café com pão de fabrico caseiro. O outro Paulo não precisa de se abastecer. Compadre habituado a estas
lides de grandes tiradas ciclisticas, trouxe farnel para os 2 dias. Com a barriga mais satisfeita lá seguimos a nossa jornada.
Depois de mais umas valentes pedaladas, chegamos a mais um oásis. Praia Fluvial de Olhos de Água, na nascente do Rio Alviela.
Espectacular. Mais uma vez o mergulho se mostrava apelativo, mas os km que faltavam não permitiram.
E ainda bem que não parámos. Serra de Santo António. depois de pedalarmos direitos ao céu, pela inclinação da subida, os
amigos azulejos assinalavam o percurso mais difícil que já vi de BTT. Downhill!? Ao pé disto mais parece percurso de estrada.
As Bikes assustaram-se e subiram para as costas do pessoal. Tivemos que as carregar num percurso de pedras, arbustos, carrasqueiras
e demais mato, durante aproximadamente 30 a 45 minutos. Sempre a pico, até ao alto da serra. Lá chegados, descida divinal para Minde, onde
foi atingida a velocidade máxima do percurso. 67Km/h marcou o meu velocímetro.
Já cheirava a Santuário, mas ainda faltava um percurso difícil, pelo piso, e pela inclinação da Serra d'Aire e Candeeiros.
Após mais umas pedaladas, com uns chuviscos à mistura, lá avistamos a torre da Basílica de Fátima. Chegámos ao destino.
17 horas da tarde. Curiosamente as mesmas da chegada a Santarém, assim como a hora de partida, igual, 9:30 no Parque das Nações e
9:30 na saída de Santarém. Cumprido o ritual da queima de velas, procurámos um café para aquecer o estômago. Estava um frio de rachar,
mais parecia um dia de Inverno. Chegou a hora da separação. Os Paulos seguiram para a estação de Fátima, para apanhar o comboio com
destino a Lisboa, para seguirem depois para o Algarve, a cerca de 20 km. Eu,
segui para Pedrógão d'Aire, terra da minha cara metade a sensivelmente 18 Km de Fátima. Acabei o percurso com 171.20 Km.
Para a história fica o registo de uma pequena aventura.
Um grande abraço para os compadres do pedal.